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1. Preparação

 

(V) Sentimentos Reais

 

 

Uma confissão vergonhosa! Tive bloqueio criativo por 25 anos. Eu deveria ir para o Livro dos Recordes. Ainda guardo trinta manuscritos daquele tempo – alguns apenas iniciados, outros com apenas alguns capítulos faltando para acabar. Mas nenhum terminado! Argh!

 

Olho para trás agora e vejo muitas razões para o bloqueio, muitas delas foram estúpidas e desnecessárias. Uma foi: tentar escrever muito além do meu campo de experiência. Eu conseguia apresentar os fatos, mas não gerar os sentimentos.

 

Por exemplo: a história de um velho morrendo. Debati-me infinitamente em cima da trama, sem perceber o problema principal – eu tinha somente dezoito anos na época!

 

É claro que você não precisa ser um velho morrendo para escrever sobre um velho morrendo, mas precisa de alguns grãos de experiências similares para trabalhar. Se eu tentasse retomar essa história agora, lembraria de um período no qual tive Paralisia de Bell (paralisia facial parcial). Um caso não muito sério, por sorte, e nem sabia que tinha tal problema na época – mas por mais ou menos quatro meses, tive essa grande sensação de velhice, onde tudo parecia melancólico.

 

Acredito ser o sentimento que importa. Descobri do modo mais difícil que as melhores experiências escritas por mim são as que tive uma forte ligação emocional. Nunca conseguirei criar uma lista, mas reconheço ter meu próprio estoque de recursos emocionais. Muitos deles, em sua maioria, voltam-se para a infância… afinal de contas, não é quando as experiências são mais intensas?

 

O que estou tentando dizer talvez seja muito simples: não escreva uma história de horror sobre aranhas se você nunca sofreu uma pontada de aracnofobia. Ou, se falhar na aracnofobia, algum medo similar de algum tipo de criatura rastejante. Aprenda quais são os seus recursos e explore-os! É algo óbvio para escritores de gêneros mais realistas, mas nem tanto para escritores de fantasia.

 

Pelo menos, não era óbvio para mim…

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