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1. Preparação

 

(IV) Por onde começar

 

 

Adoro ouvir de outros escritores como seus livros se desenvolveram, desde a primeira sementinha, até a massa crítica e todos os seus extras. É fascinante – e ao mesmo tempo, completamente inútil! Pois não há um ponto de partida ideial de onde a maioria dos autores começa. Uma imagem, um personagem, uma atmosfera – cada vez é diferente para cada autor. É incrivelmente aleatório!

 

Lembrando dos meus próprios trabalhos, recordo que The Dark Edge iniciou de uma sensação – a sensação de ser perseguido através do universo por algo implacável, uma força buscando retribuição; Ferren and the Angel começou de um sonho, o que se tornou o primeiro capítulo da história; The Black Crusade saiu das palavras do título, as quais peguei de uma frase qualquer num conto de M. R. James; Sassycat veio de uma sugestão da personalidade de Sassycat; e Worldshaker começou com um sonho de cair em uma fenda passando por infinitos níveis de inacreditáveis alojamentos constritos.

 

Algumas vezes, esses pontos de partida se mantêm centrais, outras vezes, acabam se tornando detalhes. Por exemplo, o episódio da queda só aparece no capítulo 26 de Worldshaker, e a sensação de perseguição de The Dark Edge somente aparece em uma revelação bem tardia na pré-história do romance.

 

O que importa não é o início, mas como se acumula material em volta dele. Ideias antigas tiradas de um caderno de notas, novas ideias geradas antes e durante o processa de escrita. Talvez um personagem leva a outro personagem que lidera a história, e este segue para uma certa ambientação. Ou ao contrário, um contexto leva à história, que por sua vez, leva ao personagem. O importante é como acumular outros materiais de modo a tornar impossível o reconhecimento do ponto de partida!

 

Se um leitor consegue discernir qual personagem foi criado primeiro na cabeça do autor – isso é ruim! Mostra que não conseguiu elevar o resto do romance para o mesmo nível da inspiração inicial. Se parecer que os elementos do enredo são meramente servos para a ideia-mestre, você está encrencado.

 

A trajetória em si da criação do romance deve desaparecer dentro do livro enquanto ele é feito.

 

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